sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Brasil 1 x 7 Alemanha, mas esse texto não é sobre futebol.

Bom, de muito em muito eu resolvo desdobrar alguma ideia de forma escrita, e a derrota acachapante da nossa seleção no jogo de hoje diante da Alemanha foi uma dessas ocasiões que me motivaram a digitar algumas palavras.
Foi-se o tempo em que a camisa amarela da seleção representava a elite presente do futebol mundial. Desde a última conquista mundial da seleção em 2002, o segundo time de todo brasileiro já não era um time como o nome já avisa, mas sim um amontoado de bons jogadores. Mas o Brasil já ganhou assim, como em 70, onde a maioria dos jogadores do meio campo e ataque jogaram deslocados de suas posições habituais. Deu certo. Aliás, deu certíssimo. Ganhamos e batemos no peito com orgulho de sermos do mesmo país da melhor seleção que já pisou um gramado de futebol em uma copa. Mas aquela seleção, bem como a de 2002 era cheia de extraordinários jogadores. Veja bem, EXTRA  - ORDINÁRIOS. Jogadores que iam além do ordinário, do normal, do comum.
Em 70, podia-se ganhar um tornei como a copa contando com talento somente. Em 2002, precisou-se do talento do (até o dia de hoje) o maior artilheiro das copas, em grande fase, assim como um camisa 10 igualmente decisivo, e ainda, em momentos em que ambos não puderam decidir, um gênio que acha um gol de falta, batendo direto de antes da intermediária, contra a Inglaterra.
Outra vez, talento puro.
A grande maioria dos jogadores, campeões e celebrados em 2002, voltariam ainda mais badalados em 2006. O talento resolveria novamente. Nesse momento, no entanto, começaria uma derrocada brasileira em copas, espelhando a cultura que motiva nosso país. Confiança em talento, no improviso, no "jeitinho".
Aquela seleção espetacular de 2006 tinha, acredito, o melhor elenco de muito tempo já reunido. Tinhamos CRAQUES, com todo peso dessa conotação jogando em alto-nível, sendo protagonistas em seus clubes. Tínhamos opções, igualmente preciosas e a perspectiva excepcionalmente  favorável. Mas perdemos. Faltou tática, trabalho, treino. Foi o que foi concordado na época...
Tanto é, que em 2010, o discurso foi totalmente inverso, e a seleção amiga e sorridente deu lugar ao rosto sisudo do técnico, e de um futebol organizado, mas aí sim, sem a centelha mágica da qual o esporte é conhecido no Brasil. No jogo contra Holanda, por conta disso, após tomarmos o segundo gol, não tivemos força ou opções para reverter aquela situação. Faltava O craque, que sobrava em 2006...
2014 chegou, e "energia" do futebol no Brasil traria o título pra casa. A torcida, o sinergia em torno da seleção verde-amarela. Tínhamos de fato um craque, que realmente agiu e como tal, levando o time até uma honrosa semi-final. Mas o perdemos. A "magia" havia se perdido e sem opções, e sem qualquer organização tática que pudesse manter o time ainda competitivo, vimos um massacre esportivo inimaginável.
Mas se você leu até aqui, está procurando a razão pelo título do meu texto, afinal tudo que fiz foi desfilar meu parco conhecimento padrão brasileiro de futebol.
O ponto em que quero chegar, é que consigo ver similaridades na vida da seleção com a nossa vida como cristãos.
A seleção crê na cultura do talento diferenciado, além do comum, que por si só leva ao triunfo, muitas vezes ignorando o fato de que isso já não é o suficiente para se chegar onde se deseja.
A crença exclusiva no sobrenatural, me faz pensar no cristão que se acostuma com a provisão misericordiosa do Deus, daquele jeito que acontece quando não tem mais nada pra se fazer.
O problema é quando essa crença no sobrenatural , assim como o da seleção, fica só nesse âmbito, sem a adição do esforço, da dedicação, da abnegação ou mesmo da negação do próprio conforto. Deus é de fato Todo-poderoso, sempre foi, sempre será. Ele É o EU Sou, nada antes D'ele, nem nada depois D'ele existe. Mas creio que o Pai tem interesse que os filhos assumam a posição de geradores de benção, ao invés de só a de receptáculo. Que entendamos que o "Deus te abençoe" que costumamos dizer, já aconteceu na forma de nossa proximidade daquele que precisa ser abençoado. Quando entendemos que Deus já respondeu aquela oração que fazemos por alguém que precisa, colocando a nossa vida perto da vida de quem precisa, usamos nossa crença no sobrenatural de Deus de forma a upgradear nossa atitude de ser benção.
Empatia é a maior benção pela qual deveríamos buscar e clamar. Seria como pedir pra Deus pra ser o que Ele nos criou pra sermos.



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